Afetos e desafetos estão sempre presentes nas idas e vindas das relações de nossas crianças. A pouca idade lhes permite fruir experiências ainda sem contorno e a intimidade, favorecida pela prolongada convivência no espaço escolar, tornam possível a manifestação das diferentes maneiras do ser e do fazer de nossos pequeninos.
Considerada experiência fundamental no processo de formação, essa fruição recebe encaminhamentos e pontuais intervenções no fazer pedagógico cotidiano que, pouco a pouco, orienta e qualifica as relações de amizade e companheirismo entre as crianças. Prova disso, é vê-las alegremente correndo e inventando brincadeiras sempre juntas. As ocorrências de desencontros são assim ocasionais. É rara a frequência de agressões intencionais no brincar e no trabalhar de crianças pequenas.
Devemos aceitar que a construção de normas reguladoras de conduta não é uma tarefa simples e que, só construída em sólidos alicerces, poderá durar para toda a vida. A escola se constitui importante espaço de mediação entre a família e a sociedade mais ampla, razão pela qual orienta conteúdos de um e de outro espaço. Por esse motivo e não por outro, os representantes legais desses espaços precisam participar do processo em que valores, ideias e ideais são construídos em estreita convivência de seus construtores.
Nesse sentido, a ação conjunta, exercida entre estas duas importantes instituições formadoras do humano, se reveste de caráter imprescindível, na medida em que uma apresenta à criança o mundo dos adultos e a outra valida suas ferramentas de ação nesse mundo.
A escola, por natureza, dispõe de variados recursos orientados para a formação de seus alunos. Relativamente à família nos permitimos sugerir uma descontraída conversa, por exemplo, no retorno para casa, onde pais e filhos podem contar o que fizeram durante seu dia de trabalho.
Essa é uma excelente oportunidade de aproximação e estreitamento das relações quando, de forma descontraída, a criança comenta seu trabalho, suas brincadeiras e outras coisas mais. Demonstre interesse por toda a narrativa de seu filho orientando-o para um contato não só com o que foi realizado, mas também, com os encaminhamentos que foram feitos pelos adultos com quem convivem.
Perguntas como: o que você estudou hoje na escola? Como vai seu grupo de trabalho? Qual a aula que você mais gostou hoje? Você disse ao seu professor que você gosta da aula dele? Sua professora é muito inteligente! Seu professor sabe muitas coisas, não é mesmo? Reconhecer competências naqueles com quem sua criança convive ajuda-a na construção de valores quando presentes em suas relações cotidianas.
Valendo-se da oportunidade desses agradáveis momentos, estimulamos o contato com as ações realizadas no dia da criança, abrindo-lhe espaço para a reflexão. Sem reflexão não há como aprender e, se a criança só faz o que se manda não aprende, tornando-se irremediavelmente irresponsável pelos seus atos.
A frequência desse conversar acolhe a criança, favorecendo seu entendimento que busca no adulto pai, mãe ou professor, a ajuda que necessita para bem se conduzir. Enseja-se que ela se sinta tranquila para sempre confiar nos adultos e, segura, de que com eles, aprenderá a lidar com suas dificuldades nos diferentes espaços em que realiza seu viver.
Vivamos a paz.
